17 de fevereiro de 2011 | 14h 10
CHICAGO - Um pequeno grupo de equatorianos com uma mutação genética que provoca o nanismo teria a chave para prevenir o câncer e a diabete, duas das principais causas de morte do mundo ocidental, informaram pesquisadores nesta quinta-feira, 17. Um estudo de 22 anos de duração publicado na revista Science Translational Medicine com pessoas de um povoado remoto do Equador que têm níveis muito baixos do hormônio do crescimento revela números surpreendentemente baixos dessas doenças.
O estudo pode oferecer novas possibilidades de tratamentos para as doenças, que afirma que medicamentos já aprovados e vendidos regularmente ajudariam a prevenir o câncer e a diabete.
O pesquisadores, coordenados por Valter Longo, da Universidade do Sul da Califórnia e por Jaime Guevara-Aguirre, endocrinologista equatoriano, acompanharam os membros de uma comunidade que têm síndrome de Laron. Essa síndrome é uma deficiência genética que impede o organismo de utilizar o hormônio do crescimento, o que gera um tamanho corporal muito pequeno. A equipe avaliou cerca de 100 pessoas com a síndrome, além de 1.600 pessoas de estatura normal de populações próximas.
Durante 22 anos, não houve nenhum caso de diabete e apenas um caso de câncer não-letal entre as pessoas com síndrome de Laron. Entre seus parentes, apenas 5% desenvolveu diabete e 17% teve câncer.
Os autores do estudo creem que os níveis baixos do hormônio de crescimento tenham um papel chave, dado que ambos os grupos cresciam em ambientes similares e tinham fatores genéticos de risco parecidos. No entanto, não está claro como os menores níveis de hormônio de crescimento protegeram a população, mas estudos anteriores sobre longevidade apontaram que eles têm um papel importante.
Na pesquisa, a equipe examinou o sangue de pacientes com síndrome de Laron e encontrou duas deficiências: seu ADN estava protegido contra os agentes que provocam o câncer e o organismo rapidamente eliminava qualquer célula danificada antes que ela pudesse se desenvolver em um tumor. "Acreditamos que esse efeito protetor duplo poderia muito bem ser o motivo da inexistência do câncer nessa população", disse Longo em uma conferência.
Os especialistas TAM falaram que as pessoas no grupo com a síndrome de Laron tinham maiores níveis de sensibilidade à insulina, o que explicaria como resistem à diabete, além de certos níveis altos de obesidade.
Longo afirmou que o estudo sugere que empregar medicamentos para reduzir os níveis elevados de hormônios de crescimento poderia reduzir o risco de câncer e diabete. A Food and Drug Administration (FDA) já autorizou medicamentos que bloqueiam a atividade do hormônio de crescimento em humanos para tratar a acromegalia, uma condição relacionada ao gigantismo.
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