[Você viu?] Bom Dia Marília: Diabéticos ficam sem insulina para tratamento

Oi, pessoal

Lembram dessa seção aqui? Não? É aqui, nesse singelo espaço, que eu faço minhas, digamos, críticas ao que vejo de errôneo sobre diabetes na mídia.

Para quem ainda não viu comecei com essa matéria aqui do SBT. Depois ainda teve essa aqui da TV UOL. Isso tudo porque eu sempre achei que boa parte da ignorância das pessoas vem de matérias erradas como essas. A mídia de certa forma "ensina" e se dizem uma coisa errada ela vai se espalhar errada.

Pois bem, a matéria abaixo já tinha saído no Diário de São Paulo, mas não estava tão "completinha" como essa do Bom Dia Marília. Eu já tinha visto alguns erros na primeira versão, mas essa aí mereceu entrar pra galeria do "Você viu?".

Quer dar uma lidinha?

insulina, nph, regular, análoga, bomba de insulina, falta de insulina, tratamento, SUS, Secretaria da Saúde

Agora vamos ao que acabou trazendo o belo artigo da jornalista Lucilene Oliveira ao hall da fama.

1) A matéria já começa com "Pacientes com diabetes crônica...". 

Oi? Existe diabetes mais ou menos crônica. Existe diabetes mais grave do que outras? Existem sim vários tipos de diabetes, mas nenhum é mais ou menos grave do que os outros. O que existem são tratamentos diferentes. O diabético tipo 1, por exemplo, que para de produzir insulina por causa de uma doença autoimune, tem que começar o tratamento direto com insulina. O tipo 2, aquele em que o corpo não utiliza muito bem a insulina produzida, começa o tratamento com comprimidos e pode chegar a utilizar a insulina. A diabetes gestacional é tratada com insulina, porque os comprimidos fazem mal para o bebê. Mas não existe uma diabetes crônica, todos os tipos de diabetes são classificados como doença crônica. Mais aqui nesse link da SBD. 

2) A matéria segue bem explicativa e com ótimos exemplos. A realidade atual é essa mesmo. Os pedidos não são respondidos ou respondidos de maneira insatisfatória deixando os pacientes confusos, o que atrapalha ainda mais o processo. Mas aí, no último parágrafo a repórter escreve: "A insulina análoga custa R$ 300 por mês - a bomba sai por R$ 2 mil"

Assim, do nada! Ela não tinha falado da bomba e o uso da insulina análoga não está estritamente ligado ao uso da bomba. A insulina análoga é sim cara, mas esse preço está baseado no que? Que insulina é essa, quantas unidades essa pessoa x usa? Tem insulina análoga que se a pessoa usar duas ou três ampolas dá muito mais do que isso. Faltou referência e uma explicação melhor. Até porque existem vários tipos de insulinas análogas. Mais sobre os tipos de insulina aqui nesse link da ANAD.

3) Mas agora vem a melhor parte: o quadro final! Vou ampliar:


Eu não sei nem o que comentar primeiro. Acho melhor ir por linhas:

* Linha 1: ok. NPH e Regular são fáceis de achar, mas não é assim tão sem burocracia. Precisa de uma receita de no máximo três meses e cartão do SUS (se for no posto) ou RG (se for na Farmácia Popular). Análogas só com solicitação na secretaria mesmo.

* Linha dois... Morri! Todas as insulinas são injetáveis. As análogas podem e em sua maioria são usadas com injeções, seja de caneta ou seringa! Eu uso a Humalog, que é uma insulina análoga, e uso caneta. Hello! A bomba é um dos métodos de injetar a insulina. Só! Não é o único.

* Linha três: não há regras para alimentação. Quem disse? Quem usa a bomba ou a insulina análoga tem que fazer a contagem de carboidratos. Só assim é possível definir a quantidade de insulina que será injetada seja pela bomba ou pela caneta ou pela seringa. E assim como o usuário de NPH tem que comer de três em três horas e seguir dieta sim.

* Linha quatro: não sei se é exatamente meia hora antes da refeição, alguém pode me corrigir nos comentários, mas sim tem que ter um tempinho e sim a análoga faz efeito mas rápido podendo ser tomada logo antes ou logo depois de comer.

* Linha cinco: Sinceramente, pode apagar essa linha... Nada a ver com nada nesse mundo de meu Deus. É só o que eu conseguiria dizer sobre essa linha. Não é só a insulina que estabiliza ou desestabiliza a glicemia, uma série de fatores podem interferir nisso. E quem dera só o fato de tomar a análoga já estabilizasse. Não precisaríamos nos preocupar com mais nada, né? Cura pra quê?

4) Resposta da Secretaria da Saúde: Uma palhaçada. Sem mais! Demoram uma eternidade para avaliar, pra responder e isso quando não negam. É um absurdo e ainda botam a culpa no paciente. E de dois casos só se deram ao trabalho de responder um! Aff!

Bom pessoal, é isso. Tô me sentindo bem melhor agora... Fiquem à vontade para comentar!!!

Bjinhus

Luana Alves

Tenho mania de escrever e de ver sempre o lado bom das coisas. Com diabetes desde 2010, acredito que uma vida controlada e divertida é possível sim. Jornalista, creio que posso ajudar os outros a acreditar também. Que saber mais sobre mim? Clica aqui!

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