#MapadoDescasoDMBR: Objetivo1 - Prestação de contas mais clara dos programas de monitoramento glicêmico


Quando iniciei o Mapa do Descaso Diabetes Brasil, em novembro de 2015, acreditava que faltava algo que provasse ao governo que o mau tratamento às pessoas com diabetes não era pontual. O problema é crônico e vem piorando. Convivemos diariamente com a falta de insumos e insulinas que são direitos nossos, médicos desinformados, falta de informação. Ter uma doença crônica já não é fácil, ter que lutar diariamente para sobreviver dificulta mais ainda.

No início, a participação foi maciça, com o recolhimento de vários depoimentos. Mas o gás foi se desfazendo e o número não chegou ao objetivo mínimo para dar os primeiros passos em um processo de lutar por melhores políticas públicas para as pessoas com diabetes no Brasil.

Então, ano novo, pique novo. A situação hoje está muito pior do que em 2015. Vejo diariamente reclamações de pessoas que foram a postos de saúde e não conseguiram achar nada, que foram diagnosticadas de maneira incorreta e que não tem informações sobre os pontos importantes para o sucesso do tratamento.

E o mais relevante para esse reinicio é esclarecer de maneira melhor e mais efetiva quais são os objetivos do Mapa do Descaso. O que pretendemos, o que queremos e pelo que lutaremos usando os dados obtidos com o preenchimento do formulário.

O primeiro deles e o mais importante é:

#1: Exigência de prestação clara de contas, semestral ou anual, do processo de compras de insumos e medicamentos dos programas de automonitoramento glicêmico (AMGs)

Hoje em dia um cidadão comum consegue sim ter acesso aos dados de compras de medicamentos. Mas vocês já tentaram fazer isso? A Lei de Acesso à Informação existe sim! Mas você não encontra em um mesmo lugar quanto entrou de recurso para a compra de insumos e medicamentos advindos dos tributos municipais e de dinheiro encaminhado dos governos federal e estadual. Também não consegue ver de forma clara como foi o processo de compra destes produtos, quanto foi pago por cada insumo e ainda se há previsão e expectativa de aumento dos preços para as próximas compras e aumento médio do número de pacientes. E sem esses dados não conseguimos comprovar se falta ou sobra dinheiro no final disso tudo.

Qualquer pessoa que faça um orçamento pessoal simples tem esse tipo de coisa em uma planilha única sabendo quanto entra de dinheiro e quanto sai para cada coisa, com expectativa e realidade do valor final pago. E ainda quanto sobrou e para onde essa sobra será destinada. Por que não as prefeituras?

Sem esses dados fica fácil dar desculpas como "o fornecedor atrasou a entrega", "o contrato de compra emergencial está sendo feito", e por aí vai! E nós, em nossa ignorância e desconhecimento, acabamos aceitando que essas desculpas esfarrapadas sejam dadas. Não é assim que tem que funcionar. É obrigação dos governos prestarem contas e tem que acabar essa palhaçada de eles prestarem essas contas como querem dificultando o acesso e confundido o cidadão.

Eu quero saber cadê os meus insumos! Pra onde foi o dinheiro que eu paguei de impostos? Quem é o responsável por essa compra? Como é feita? Quanto é pago? Quais são as obrigações das empresas que prestam esse serviço? Há prazos para a entrega dos medicamentos? Há multa caso não entreguem e o paciente fique sem ter como se tratar? O que é feito com o dinheiro dessa multa?

E a melhor maneira de exigirmos essas respostas é mostrando que o problema não é pontual! Não é só em um ou outro posto! Todos estão ficando sem seus insumos, tendo que comprar do próprio bolso, sendo bitributados!

Então participe do Mapa do Descaso Diabetes Brasil! Não recebeu seus insumos? Faltou tira? Seringa? Insulina? Cateter? Qualquer coisa? Entra no formulário do Mapa e preencha com seus dados, contando a sua história.

Seu depoimento é muito importante para que possamos mapear onde o problema é mais grave! Para começarmos a agir. Não fique calado!

Luana Alves

Tenho mania de escrever e de ver sempre o lado bom das coisas. Com diabetes desde 2010, acredito que uma vida controlada e divertida é possível sim. Jornalista, creio que posso ajudar os outros a acreditar também. Que saber mais sobre mim? Clica aqui!

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