Jetlag e Diabetes Tipo 1: Como lidar com o fuso horário em viagens internacionais

Se você vive com Diabetes Tipo 1 e ama viajar, em algum momento vai cruzar um ou vários fusos horários. E aí, como fica a glicemia? O corpo entra em colapso? Tem que mudar tudo? Bom… depende.

A verdade é que dá sim para lidar bem com o jetlag — mas a palavra mágica é planejamento. E claro, flexibilidade também, porque nem sempre tudo sai como o esperado. Eu que o diga!

💺 Da África do Sul à Islândia: aprendizados no fuso

Minha primeira viagem com fuso horário mais maluco foi em 2019, indo para Cape Town, na África do Sul. Foram oito horas de voo até Joanesburgo, onde desembarquei às 7h30… só que o meu corpo ainda estava nas 2h da manhã. A sequência foi frenética: conexão, chegada ao hostel, check-in e almoço. Isso mesmo. Almoço quando eu ainda nem tinha digerido o fuso anterior.

Resultado? Zero fome, muito sono, glicemia doida. Tentei manter os horários de alimentação, mas o corpo não colaborava. Levei dois dias para “entrar nos eixos”. Foi ali que eu aprendi, na prática, que só força de vontade não basta — é preciso ajustar a insulina, entender como o corpo reage e, principalmente, respeitar o tempo da adaptação.

Quatro anos depois, embarquei para Islândia, com uma parada em Londres. A experiência foi totalmente diferente — e muito mais tranquila — porque dessa vez eu estava preparada.

O voo saiu de São Paulo às 15h25, com conexão em Madrid e chegada em Londres às 10h15 da manhã do dia seguinte. Eu me organizei para tentar manter uma rotina aproximada de sono e alimentação: almocei antes de ir pro aeroporto, jantei no primeiro voo e só fui tomar café da manhã no segundo. Fiz lanchinhos, tomei uma tacinha de vinho (porque a gente também merece!), e fui monitorando as glicemias de olho nos dois relógios: o do Brasil e o do destino, adaptando aos poucos.

Dois dias depois, fui para Reiquiavique, e aí o problema já não era mais o fuso horário, e sim o sol (ou a falta dele!). Em novembro, o sol nascia às 10h e sumia pouco depois das 15h. Meu corpo ficou super confuso. Mas o que me salvou foi manter os horários no relógio — e não no que eu “sentia”. Café às 9h, almoço por volta do meio-dia, lanche e jantar, mesmo que parecesse madrugada.


⏱️ O que o fuso horário causa na glicemia?

O impacto do fuso horário pode ser grande porque:

  • O ritmo circadiano se altera, e o corpo demora a ajustar sono, fome e sensibilidade à insulina.

  • Mudanças nos horários de aplicação da insulina basal podem causar hipos ou hipers.

  • Refeições fora de hora (ou a ausência delas) bagunçam a contagem de carboidratos e o apetite.

  • O cansaço físico e o estresse da viagem também afetam o controle glicêmico.


📌 Dicas práticas para lidar com o jetlag sendo T1D

  • Antes da viagem, converse com seu endocrinologista sobre o destino e os horários. Ele pode te ajudar a adaptar a dose da insulina basal ao novo fuso.

  • Durante o voo, tente manter um ritmo de alimentação próximo do novo horário, mas escute seu corpo — e leve sempre lanchinhos para evitar surpresas.

  • Use dois relógios nos primeiros dias (um com o horário do Brasil e outro do destino) e vá fazendo a transição aos poucos.

  • Durma no avião se o horário pedir — ajuda o corpo a entender que está mudando o ritmo.

  • Adapte a insulina basal com antecedência se souber que o fuso vai mudar drasticamente. Às vezes, adiantar ou atrasar a aplicação em meia hora por dia já ajuda.

  • Fique de olho nas glicemias com mais frequência. O sensor vai ser seu melhor amigo nessa fase!

  • Aceite os imprevistos: vão ter hipos e hipers, mas o importante é você estar preparado e não se culpar por isso.




Viajar com Diabetes Tipo 1 não precisa ser um bicho de sete cabeças. Dá trabalho? Um pouco. Mas com organização, dá pra atravessar o mundo — e viver experiências incríveis, como ver a Aurora Boreal no meio de um país congelado, mesmo com o sol sumindo antes das 16h.

Até o próximo post! ✈️💙

Luana Alves

Tenho mania de escrever e de ver sempre o lado bom das coisas. Com diabetes desde 2010, acredito que uma vida controlada e divertida é possível sim. Jornalista, creio que posso ajudar os outros a acreditar também. Que saber mais sobre mim? Clica aqui!

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