Antes de mais nada, gostaria de pedir desculpas pelo sumiço. Fiz uma viagem no último dia 17 e voltei com uma infecção que teve complicações. Com isso, tive que dar uma pausa no blog, mas agora estou voltando com mais força do que antes na intenção de ajudar com o que eu puder para que todos possam ter um cotidiano melhor mesmo tendo diabetes!
E continuando a missão, eu retomo hoje o Domando a Diabetes. O último post do mês passado está sendo finalizado (mais um printable grátis pra ajudar no dia a dia de vocês!) e logo logo estará no ar. Eu não vou deixar de postar não, só adiei para finalizá-lo com todo o carinho que ele precisa!
Mas o tema deste mês e deste primeiro post de março são as atividades físicas como ferramenta de tratamento de diabetes! "Ah, mas eu tenho preguiça! A vida é corrida! Não tenho tempo!". Acreditem eu entendo totalmente vocês e sofro com as mesmas desculpas. Então esse mês, entre outras coisas, é também um desafio!
Pra este post pensei então em levantar a importância de fazer sim alguma atividade física e quais são os benefícios disso!
Mas antes, você sabe mesmo que é atividade física?
Entende-se por exercício qualquer atividade física planejada e estruturada que gera respostas agudas e crônicas no organismo, requerendo adaptações funcionais e morfológicas. O exercício aeróbio consiste de movimentos contínuos, repetidos e rítmicos de grandes grupos musculares por no mínimo 10 minutos. São exemplos caminhada, corrida, natação e ciclismo; quando praticados na intensidade, frequência e período de treinamento adequados ocorre melhora do condicionamento físico. O treinamento de força – também conhecido como anaeróbio – usa a força muscular para mover um peso contra resistência. São exemplos os exercícios com halteres ou aparelhos de musculação. Se bem planejado e realizado regularmente aumenta o condicionamento muscular generalizado. Para otimizar os efeitos do exercício em longo prazo o ideal é que se submeta a um programa combinado de exercícios aeróbios e de força, que trazem benefícios complementares.
Agora que ficou mais claro, bora conferir o que podemos ganhar ao incluir um pouquinho de exercício nas nossas vidas:
Diminuição nos níveis de glicose no sangue e melhora na eficácia e absorção da insulina
A prática da atividade física por no mínimo 30 minutos aumenta a absorção da glicose como fonte de energia para os músculos, melhorando o nível glicêmico. No entanto, os indivíduos com DM1 deve ter um pouco mais de cuidado já que devem estar com níveis de insulina ajustados para a nova situação de gasto de energia.
Quando o exercício é realizado por indivíduo bem controlado, isto é, adequadamente insulinizado, obtêm-se os benefícios de redução da glicemia pela captação de glicose pelas células musculares.Por isso é importante conversar com seu endocrinologista, nutricionista e até cardiologista antes de iniciar qualquer atividade. Quando praticamos um exercício o corpo desenvolve três fases de adaptação ao movimento, são elas:
Fase 1, onde o glicogênio muscular é utilizado para fornecimento de energia para realização da atividade. Fase 2, onde a glicogênio passa a ser degradado pelos processos de gliconeogênese e glicogenólise para fornecer a glicose necessária à realização do exercício. E fase 3 onde após 30 – 40 minutos de exercício leve/moderado passa a haver crescente participação de lipídeos com o processo de formação de energia através da lipólise (degradação de moléculas de gordura em ácidos graxos livres)
Para que tudo funcione adequadamente e você obtenha apenas benefícios (sem hipers e hipos) é importante que tudo esteja funcionando direitinho antes, durante e depois da atividade.
Para o individuo diabético a formação de energia é extremamente importante, pois a mobilização da glicose presente no sangue é utilizada para formação de energia, assim durante e após o exercício os níveis de glicose sanguínea estarão relativamente mais baixos, podendo até chegar a níveis normais. Vale lembrar que deve-se ter o controle das variáveis de treino e a dosagem insulínica do indivíduo antes, durante e pós treino, principalmente em diabéticos do tipo I para não causar eventual hipoglicemia durante o exercício.
Em indivíduos normais o aumento na captação de glicose decorrente do exercício determina redução dos níveis circulantes de insulina e elevação dos níveis de glucagon, efeitos estes que servem para garantir o fornecimento de glicose pela quebra do glicogênio hepático durante esta prática, impedindo a queda exagerada da glicemia. Para indivíduos com DM1, dependentes de insulina exógena, manterem estabilidade glicêmica é fundamental que o aporte energético esteja adequado ao grau de insulinização. Para tanto se faz necessária frequente monitorização glicêmica em vários momentos do dia e ajustes de doses. Conhecendo os diferentes padrões de variação glicêmica frente a variadas atividades físicas poder-se-á adequar a quantidade de insulina ao plano alimentar.
Diminuição da resistência à insulina
Tanto os DM1 como os DM2 (esses principalmente) sofrem com problemas de resistência à insulina. O quadro pode se desenvolver por sedentarismo, acúmulo de gordura corporal ou ainda por implicações da doença autoimune (tipo 1). A prática da atividade física ajuda então na reversão desse fator, aumentando a capacidade do organismo de absorver a insulina de maneira mais eficiente.
A gradual redução da sensibilidade à insulina que ocorre com o avançar da idade se deve em parte à falta de atividade física, que, por sua vez, contribui para deposição intra-abdominal de gordura. A resistência tecidual à ação deste hormônio compromete a translocação dos transportadores de glicose (GLUT) para a superfície celular e, consequentemente, a captação da glicose. A atividade física e exercício melhoram diversos mecanismos capazes de favorecer a captação da glicose. Dessa forma, esta prática representa estratégia valiosa.
Diminuição de risco cardiovascular e melhora na circulação sanguínea
Se mexer, mover os músculos de braços e pernas. Tudo isso ajuda e muito a diminuir colesterol, melhora circulação do sangue nos membros inferiores e superiores e diminui a pressão arterial dando mais qualidade de vida às pessoas com diabetes.
São inúmeros os benefícios atribuídos à atividade física regularmente praticada, valendo ressaltar que o condicionamento físico contribui para redução da pressão arterial, melhora da função endotelial (relacionada ao funcionamento dos vasos sanguíneos) e do perfil lipídico (dosagens de colesterol total, HDL, LDL e triglicerídeos).
O exercício físico leve/moderado apresenta melhor desempenho na redução de gordura corporal bem como no controle glicêmico, colesterol, melhora da frequência cardíaca entre outros benefícios, tanto em indivíduos saudáveis como em diabéticos, porém, devemos nos atentar a detalhes e cuidados, como por exemplo, a intensidade, horário do treino, e outros fatores como alimentação e descanso/ recuperação em indivíduos diabéticos, pois o exercício pode causar hipoglicemia ou uma hiperglicemia indesejada.
Tá bom ou quer mais? A gente tende a adiar a prática por diversos motivos, mas que faz um bem danado uma caminhada de vez em quando, faz! E isso porque eu nem falei que melhora os níveis de stress, fator super relevante para manter um bom controle glicêmico.
Este mês me coloquei um desafio, voltar pra academia e ir pelo menos três vezes por semana. Essa primeira semana não pude ir porque acabei de ter alta do hospital e ainda estou de repouso, mas na segunda estarei lá firme e forte. Vou contando a evolução nos próximos posts e também no instagram do blog (@adiabeteseeu) e o post final será sobre a diferença que isso fez no meu tratamento. Que tal entrar nesse desafio comigo! O seu depoimento pode aparecer no último post do mês! Vamos?
Fontes:
http://www.diabetes.org.br/ebook/component/k2/item/75-capitulo-8-atividade-fisica-no-diabetes-tipo-1-e-2-bases-fisiopatologicas-importancia-e-orientacao
http://www.usc.br/biblioteca/salusvita/salusvita_v33_n2_2014_art_05.pdf
http://holmesplace.pt/pt/5-beneficios-do-exercicio-para-pessoas-com-diabetes-a447.html
http://www.anad.org.br/o-que-deve-saber-sobre-diabetes/
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