#DomandoaDiabetes: Cuidados e dicas para a prática segura de atividades físicas

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Na semana passada, abordei no primeiro post do Domando a Diabetes a importância da prática de atividades físicas no tratamento da diabetes. Relembrando, rapidamente, fazer exercícios físicos ajuda principalmente a diminuir os níveis de glicose no sangue, melhora a absorção da insulina pelo organismo e reduz os riscos de doenças cardiovasculares.

Mas não dá para simplesmente sair andando por aí. Há cuidados que são necessários para que se possa praticar sem correr nenhum risco, ou seja, colhendo apenas os bons frutos.

Abaixo listo algumas coisinhas que é preciso estar atento antes, durante e depois. Mas o mais importante de tudo é que você converse com os seus médicos - endocrinologista, nutricionista e cardiologista - para ter certeza que você pode dar aquela caminhada bacana no parque com toda a segurança.

Medir antes, durante e depois da prática da atividade física

Como eu disse no primeiro post, fazer exercícios mexe muito com o seu organismo e todo seu controle pode mudar drasticamente com o início das atividades (pro bem e pro mal). É importante ressaltar que, principalmente para quem tem diabetes tipo 1, é preciso estar com os níveis glicêmicos controlados antes de começar qualquer coisa.

O indivíduo diabético mal controlado, sem insulina suficiente para manter a glicemia próxima do normal, quando submetido a esforço físico, pode ter seu estado hiperglicêmico agravado ou mesmo desenvolver cetose. Dessa forma, não é recomendado exercício moderado ou intenso a indivíduos com DM1 em situações de insulinopenia (pouca insulina no corpo), pois o organismo não apenas deixará de se beneficiar desta prática, como poderá acentuar a descompensação metabólica. Para que seja realizado de forma segura, a glicemia capilar pré-exercício deve ser inferior a 250 mg/dL e sem cetonúria. 
Além de estar com uma boa glicemia antes do exercício (eu particularmente prefiro a casa dos 180 mg/dL), é preciso acompanhar como o corpo está reagindo. Medir durante te dá uma ideia se é preciso parar para comer alguma coisinha ou ainda se a pausa é necessária para uma correção de hiper.

Medir no final te ajudar a decidir qual é a melhor opção de lanche pós-treino. Vamos falar sobre isso nos próximos posts da série.

Se alimentar bem antes dos treinos

Teremos um post específico com dicas das melhores combinações alimentares para se fazer antes e depois do treino. Mas temos que falar sobre a importância de comer um lanche leve mais ou menos uma hora antes de ir para a academia.

Dentre as consequências indesejadas decorrentes da atividade física, a mais frequente é a hipoglicemia, sendo os indivíduos bem controlados os mais susceptíveis. Os episódios hipoglicêmicos podem surgir durante, logo após ou mesmo horas depois do término do exercício. Estes decorrem de uma combinação de fatores incluindo atividade exagerada e excesso relativo de insulina circulante em relação ao aporte alimentar. 
Por isso é imprescindível uma ida ao nutricionista antes de se aventurar em qualquer atividade. Somente ele vai desenhar o plano alimentar individualizado considerando o gasto energético que você vai ter para que seja feito o aporte alimentar adequado para suprir o gasto de energia. Além disso, fale com o seu endocrinologista! Na maioria dos casos, são necessárias alterações nas dosagens de insulina e na quantidade de medicamentos (normalmente para menos, o que é ótimo!!!). Devemos dizer ainda que é sempre melhor diminuir as doses de insulina do que aumentar a quantidade de carboidratos ingeridos.

Atenção ao local de aplicação da insulina

O músculo em movimento pode alterar a velocidade e a intensidade da absorção de insulina. Se vai treinar pernas (musculação, corrida, etc), prefira aplicar nos braços. Se vai treinar os braços, opte por aplicar nas pernas. As melhores opções são abdômen, glúteos e flancos (aquela gordurinha que fica do ladinho).

A absorção de insulina pode ser acelerada se aplicada no membro que está sendo exercitado precipitando hipoglicemia. Além da escolha do local de aplicação, outro cuidado na prevenção de episódios hipoglicêmicos é o uso de técnica adequada na administração de insulina. O uso de agulhas mais longas em indivíduos com tecido celular subcutâneo delgado pode resultar em injeções intramusculares, acelerando a absorção da insulina. Esta intercorrência pode ocorrer mais frequentemente em crianças ou indivíduos magros.
Ou seja, além do cuidado com o local, você deve ficar atento a como aplica. Se a agulha for muito grande e você for magrinho, uma opção para não atingir o músculo pode ser aplicar a 45° em vez dos tradicionais 90° e caprichar na prega. Ou ainda optar, caso seja possível, por agulhas menores.

Comece devagar!

Nada de sair correndo a São Silvestre. O início da prática pode ser conturbado se não for feito com moderação e cuidado. Comece com caminhadas leves de meia hora, passeios de bicicleta e sinta como o seu corpo responde.

Na academia, avise o professor que fizer a sua avaliação e que vai desenhar o treino. É super importante que ele saiba os medicamentos que você toma, que tipo de diabetes tem, quantos dias por semana pretende ir, entre outros detalhes. Assim ele não exagera e você faz tudo com segurança.

Depois, com as glicemias controladas e tudo indo bem, o céu é o limite.

Cuidado com os pés

Tão ou mais importante do que tudo dito anteriormente vem a escolha correta do calçado.

O paciente com diabetes pode apresentar uma complicação chamada neuropatia, que causa a diminuição da sensibilidade, principalmente em extremidades, como os pés. Essa complicação pode gerar um dos transtornos mais conhecidos do diabetes: o pé diabético. O paciente pode se machucar e não perceber, o que - associado à circulação sanguínea deficitária - pode levar, em casos graves até à amputação. Mas evitar o problema é simples: use meias e calçados adequados e confortáveis, principalmente durante a atividade física, e olhe bem seus pés diariamente - assim qualquer lesão pode ser identificada e tratada logo no começo.

Seguindo todas essas dicas, não tem erro! Dá pra correr, pular, lutar, puxar ferro e o que mais vocês quiserem!

Como prometido no post anterior, essa semana eu voltei sim pra academia! Eu queria ter ido já na segunda, dia do meu retorno ao trabalho, mas eu ainda estava fraquinha e me sentindo muito cansada. Então fui ontem! Dei de cara com treino novo, me esforcei e fiz tudinho. Amanhã e sábado estarei lá de novo.

Quer acompanhar essa saga? É só seguir o Insta do blog @adiabeteseeu! Lá tem fotos, detalhes e em breve vídeos! E se topar entrar nesse desafio também é só postar com as hashtags #domandoadiabetes e #atividadefísica. Todos podem aparecer no último post deste mês, onde eu vou contar como foi este retorno! Vem!

Fontes:
http://www.diabetes.org.br/ebook/component/k2/item/75-capitulo-8-atividade-fisica-no-diabetes-tipo-1-e-2-bases-fisiopatologicas-importancia-e-orientacao
http://www.minhavida.com.br/fitness/galerias/15801-oito-cuidados-que-o-paciente-com-diabetes-deve-ter-ao-praticar-exercicios-fisicos/7 

Luana Alves

Tenho mania de escrever e de ver sempre o lado bom das coisas. Com diabetes desde 2010, acredito que uma vida controlada e divertida é possível sim. Jornalista, creio que posso ajudar os outros a acreditar também. Que saber mais sobre mim? Clica aqui!

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