#MapadoDescasoDMBR: Objetivo 5 - Criação de um programa multidisciplinar de atendimento à pessoa com diabetes

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Como eu disse nos posts anteriores aqui no blog sobre o Mapa do Descaso Diabetes Brasil, estou esclarecendo alguns pontos e explicando o que o projeto pretende a médio e longo prazo. Vamos relembrar?

#1: Exigência de prestação clara de contas, semestral ou anual, do processo de compras de insumos e medicamentos dos programas de automonitoramento glicêmico (AMGs)

#2: Exigência de prestação clara de contas, semestral ou anual, do processo de dispensação de insumos e medicamentos de alto custo

#3: Criação de grupos específicos para o acompanhamento, da entrada de recursos passando pela compra dos produtos até a entrega aos pacientes, dos programas de dispensação de insumos, sejam eles municipais (AMGs) ou estaduais (remédios de alto custo)

#4: Criação de um programa de educação e atualização em diabetes para profissionais de saúde com a exigência de certificação a cada dois ou três anos

E hoje o assunto é o quinto e último objetivo:

#5: Criação de um programa multidisciplinar de atendimento à pessoa com diabetes

Esse devia ser o mais básico de todos. Alguém que tenha diabetes não necessita apenas de insulina, insumos e médicos que entendam do assunto, precisa também ser atendido e orientado devidamente e com frequência.

É preciso se consultar com endocrinologista, nutricionista e um bom dentista a cada três meses; seis para o dentista. Além disso, é necessário acompanhamento com cardiologista, angiologista e oftalmologista pelo menos uma vez por ano.

E não, não é pedir demais. É dar qualidade de vida à pessoas que bem tratadas vivem bem, com qualidade e ativamente!

Em São Paulo, em 2013 (isso mesmo, há quatro anos), foi aprovada E sancionada a Lei N° 15.721 que deveria criar "o programa de atendimento integrado e multiprofissional para pacientes diabéticos com o objetivo de tratar e orientar sobre os cuidados necessários para o controle da glicemia, prevenção de complicações típicas da doença, orientação nutricional, para a atividade física e tratamento do pé diabético".

Um mês depois, o Diário Oficial publicou o decreto N° 54.133 que dispunha sobre a criação do programa que teria por "objetivo o tratamento da doença e a orientação nutricional e sobre os cuidados necessários à prevenção de suas complicações típicas, ao controle da glicemia e à prática de atividade física, bem como o tratamento do pé diabético, por meio de atendimento multidisciplinar e integral ao portador, com ênfase em aspectos educativos e preventivos". Englobando "ações relativas à adoção de hábitos de vida saudáveis, bem como preventivas e assistenciais implementadas na rede de saúde sob gestão municipal e adaptadas ao perfil da população".

Você aí? É de São Paulo? Alguma vez foi ao posto de saúde e recebeu alguma das coisas descritas acima? Atendimento multiprofissional? Orientação sobre os cuidados necessários? Aspectos educativos e preventivos?

Espera que tem mais. O artigo 4° do decreto diz ainda: "A Secretaria Municipal de Saúde propiciará o acesso aos medicamentos para o tratamento do diabetes e de suas complicações".

É pra chorar, não dá nem pra rir. Vivemos uma situação tão caótica no Brasil quando falamos em diabetes que ver este decreto de quatro anos atrás e nenhuma atitude ter sido tomada parece até piada. Quase 10% da população brasileira tem diabetes, doença que mata uma pessoa a cada seis segundos no mundo e mesmo com lei aprovada e sancionada e com decreto publicado nada acontece por uma vida de mais qualidade.

Você vai até o posto para uma reunião em que não se informa nada e muitas vezes sai de lá uma hora depois sem seus insumos! Até quando?

Por que não fazer uma ação diferente a cada mês conscientizando sobre um aspecto do cuidado? Por que não ter um plano desenvolvido e organizado de atendimento multidisciplinar para estes pacientes dentro das unidades básicas de saúde? Por que não empoderar estas pessoas para que deixem de ser pacientes, no sentido de tomar um comprimido e não fazer mais nada, quando algum conhecimento poderia ajudá-las a lidar melhor com esta condição?

O maior problema do tratamento da diabetes é a falta de conhecimento das pessoas! Pacientes que sequer sabem os locais de aplicação, ou ainda o que é uma hiper e uma hipo e o que significa o resultado de uma hemoglobina glicada! Até quando?

Quando vão simplesmente cumprir a lei? Quando teremos acesso aos nossos direitos? Vamos ficar sentados, quietos, esperando? Por que não criar leis similares, que sejam cumpridas, em outras cidades do nosso país?

O Mapa do Descaso Diabetes Brasil busca por meio de um formulário rápido e fácil de preencher colher depoimentos de pessoas com diabetes que sofreram algum tipo de descaso. Nunca te ensinaram onde aplicar insulina ou ainda sobre contagem de carboidratos ou os cuidados que você tem que ter antes e depois de praticar uma atividade física? Nunca te explicaram a importância de examinar os pés todos os dias? Ou ainda que uma glicemia de mais de 100 em jejum pode significar descontrole agora e complicações no futuro?



Sem conhecimento não dá para se tratar adequadamente! Lute pelo seu direito de saber! Participe do formulário! Vamos mostrar às autoridades que é preciso nos tratar com respeito!


Luana Alves

Tenho mania de escrever e de ver sempre o lado bom das coisas. Com diabetes desde 2010, acredito que uma vida controlada e divertida é possível sim. Jornalista, creio que posso ajudar os outros a acreditar também. Que saber mais sobre mim? Clica aqui!

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